Dr. Abobrinha, vilão do programa infantil “Castelo Rá-Tim-Bum” (TV Cultura), era bastante caricato, vestia roupas exuberantes, mas foi livremente inspirado em fatos da vida real envolvendo o apresentador Silvio Santos e Zé Celso, importante dramaturgo falecido aos 86 anos em julho de 2023 após ferir-se gravemente em um incêndio em seu apartamento na Zona Sul de São Paulo. Entenda a história que inspirou o personagem:
Briga de Zé Celso e Silvio Santos inspirou “Castelo Rá-Tim-Bum”
Fundado em 1958, o Teatro Oficina, marco cultural do Bixiga, bairro no centro de São Paulo, foi durante décadas motivo de uma disputa judicial entre Zé Celso e Silvio Santos.
O que nem todo mundo sabe, porém, é que a briga entre o dramaturgo e o apresentador serviu de inspiração para a construção do personagem Dr. Abobrinha, vilão icônico de “Castelo Rá-Tim-Bum”.
Na atração infantil, Dr. Abobrinha sempre tentava colocar em prática um plano mirabolante para se apropriar do imóvel e, quando se dava mal, esbravejava o famoso bordão: “Um dia, este castelo será meu!”.
A trama realmente tem muito a ver com a disputa imobiliária entre Silvio e Zé Celso: o dono do SBT e o fundador do Oficina passaram mais de 40 anos brigando na Justiça pelo terreno que fica ao lado do teatro.
A área pertence ao Grupo Silvio Santos e a ideia do famoso de construir três prédios na região, segundo o ator e diretor, prejudicaria as atividades culturais e desconfiguraria o projeto da arquiteta Lina Bo Bardi, responsável também pelo Museu de Arte de São Paulo (Masp). Até hoje, o impasse continua.
A inspiração para a criação do Dr. Abobrinha foi confirmada pelo ator Pascoal da Conceição, intérprete do personagem e amigo pessoal de Zé Celso. Ele, no entanto, admite que nada foi proposital e que só se deu conta do fato anos depois.
“Só percebi que tinha feito o Dr. Abobrinha inspirado no Silvio Santos anos depois, quando o Zé Celso me disse”, contou Pascoal da Conceição ao jornalista Bruno Capelas, autor do livro “Raios e trovões”, que relata a história do “Castelo Rá-Tim-Bum”.
Na entrevista ao escritor, Pascoal disse ainda que sua atuação, mesmo que de forma inconsciente, é “claramente inspirada na maneira histriônica de Silvio Santos se dirigir ao público”.