Na época da novela “Alma Gêmea”, Priscila Fantin não tinha recebido o diagnóstico, mas vivenciou os sintomas
Longe das novelas desde 2016, com o fim de “Êta Mundo Bom!”, Priscila Fantin sofre de depressão crônica, condição que trata há mais de 15 anos. No entanto, atuar, segundo a atriz, é um antídoto contra a doença psiquiátrica. O papel de Serena, em “Alma Gêmea”, ajudou a lidar melhor com os sintomas.
Priscila Fantin, a Serena de “Alma Gêmea”, sofre de depressão
A depressão crônica, em outras palavras, é uma falha recorrente no funcionamento dos neurotransmissores conhecidos como “hormônios da felicidade”, como, por exemplo, serotonina e dopamina.
Na época que atuou em “Alma Gêmea”, a atriz não tinha recebido o diagnóstico de sua doença. Entretanto, Priscila revelou que sentia uma “tristeza profunda” desde os 19 anos, três antes da gravação da novela.
“Aos 26 anos, tive o diagnóstico de fato, mas, hoje, sei como a depressão age no nosso organismo, na nossa cabeça e no nosso comportamento”, declarou, em entrevista à coluna Play, do jornal O Globo.
“A depressão ocorre por deficiências de neurotransmissores e de produção de determinadas substâncias no meu organismo. Tenho sempre que estar cuidando. Existem manobras para me manter saudável, mas ela pode se instalar de novo. É sempre uma relação intensa com a minha condição. Tento lidar com o maior carinho, cuidado, paciência e respeito comigo mesma. Senão, fica pesado demais”.
Priscila foi diagnosticada pouco depois do fim da novela, em 2009, mas demorou até falar publicamente sobre o assunto. Contudo, o trabalho a impulsionou a buscar ajuda profissional até o controle da fase mais crítica da depressão.
“A depressão nunca afetou meu trabalho. Não houve consequência para a minha interpretação e para a vida das personagens. Em ‘Alma Gêmea’, não tinha o diagnóstico, o peso de saber e o tratamento. Mas a Serena, por si só, já é um antídoto. Vivenciar as minhas personagens é um antídoto”.
“É uma obra-prima, uma trama que foi um fenômeno e sempre será. É uma novela curativa. Todos os núcleos têm uma lição positiva”, completou a artista, diante da reexibição da novela pela Globo.
O que é a depressão crônica?
Também conhecida como transtorno depressivo persistente (TDP) ou distimia, a depressão crônica é caracterizada por sintomas de humor deprimido, durante a maior parte do tempo.
A distimia tem um diagnóstico difícil e afeta 6% da população mundial, segundo especialistas. Os sintomas são semelhantes ao da depressão maior (TDM), como, por exemplo, humor deprimido, sentimentos de desesperança ou pessimismo, baixa autoestima, dificuldade de concentração e para dormir, baixos níveis de energia, falta ou excesso de apetite.
O diagnóstico, geralmente, acontece depois de dois anos de persistência dos sintomas, no caso de adultos e, pelo menos, um ano, no caso de crianças e adolescentes. As causas ainda não são claras. Todavia, os especialistas apontam que fatores como genética, química cerebral, mudanças biológicas no cérebro e eventos traumáticos possam contribuir para a depressão crônica.