História real de Grazi da série “Todo Dia a Mesma Noite”: foi uma das sobreviventes da Boate Kiss

“Todo Dia a Mesma Noite”, série sobre a tragédia que aconteceu na Boate Kiss, apresenta Grazi, nome fictício, como uma das sobreviventes. A jovem teve o pé amputado devido ao tempo de exposição ao fogo e até hoje ajuda na luta por justiça. O nome da personagem da vida real é Kelen Ferreira. Conheça a verdadeia história!

Qual é a história real de Mari da série da Boate Kiss na Netflix

Produzida com base no livro de mesmo nome, escrito por Daniela Arbex, a minissérie reconstrói, em detalhes, o que teria acontecido na madrugada de 27 de janeiro de 2013 — quando a Boate Kiss pegou fogo.

A tragédia é considerada uma das maiores dos nossos países e teve 242 mortos, mais de 600 feridos e muitos danos físicos e psicológicos nos sobreviventes. A história de Grazi, interpretada por Paola Antonini, impactou muita gente.

Na série, Grazi se diverte na pista de dança quando é surpreendidda pelo incêndio seguido de apagão, ficando um tempo no chão, até ser levada para o lado de fora. Por conta da exposição, a jovem, no hospital, acaba amputando o pé.

https://www.instagram.com/p/CW-w-kLsg5l/

“Todo Dia a Mesma Noite” mostra a personagem acordando em meio ao caos e lutando para se adaptar à nova realidade. Na vida real, Kelen Ferreira teve 18% do corpo queimado e perdeu o perdeu pé direito no incêndio.

Por conta das queimaduras na região, que teria ficado presa por conta da sandália, Kelen, que se formaria em 2015, começou a usar prótese. A decisão ficou de fora das filmagens por uma escolha da própria vítima.

Hoje, Kelen é terapeuta ocupacional em Pelotas e ainda relembra com dificuldades do acidente. “Quando começou a música do Naldo, as gurias foram no banheiro e eu fiquei ali, cantando e bebendo. Acho que bebi meio copo de cerveja”, contou em depoimento.

“Eu não vi a confusão, não vi a música parar, ninguém avisou nada. Eu só vi que cruzou uma multidão na minha frente, que veio da pista lá de baixo, e aí eu me atirei em correr, achei que fosse briga. Quando eu corri, eu cai na frente do bar de madeira, o principal, voltei porque queria buscar minhas amigas. Um homem todo de branco, acho que foi Deus, meu anjo, parou do meu lado direito e me puxou em direção à porta”.

https://www.instagram.com/p/CnpFI0lMQDP/

“Eu corri novamente em direção à porta e, quando cheguei na frente da porta, eu cai. Já tinha bastante gente ali. No momento que eu cai, eu percebi que era fogo. Eu senti meus braços queimar, era muito muito muito calor, o cheiro muito forte. Eu puxei meu vestido, cai ajoelhada, eu rezei e pedi para Deus que não queria morrer ali. Eu achei que ia morrer ali”.

Kelen tentou tirar a sandália para não pisar em ninguém, mas quando virou, bateu com o braço na porta, o que fez com que ficasse caída por mais tempo, resultando nas queimaduras mais graves no pé direito. “Eu fui tentar tirar a sandália do pé direito, me puxaram para fora. A sandália ficou presa no meu tornozelo”.

“Quando me tiraram para fora, me colocaram na parte debaixo ali. Eu não enxergava muita coisa. Meus olhos estavam embaçados por causa da toxicidade da fumaça. Um dos guris que tinha ido conosco, me viu, me pegou no colo. Outro amigo dele estava cruzando na rua e me levaram para o hospital. Ele gritava muito para eu não dormir”.

https://www.instagram.com/p/CjEHwT7PFFE/

Kellen foi a primeira a chegar no Hospital de Caridade, em Santa Maria, quando ninguém ainda sabia o que tinha acontecido. Os tios da jovem, que moravam na cidade, foram ao hospital após serem avisados pelo amigo e ficaram desesperados com os corredores lotados.

“4h30 eu fui entubada. Fui uma das primeiras a ir para Porto Alegre, de avião, meu caso era muito crítico. No avião acabou o meu oxigênio e tiveram que revezar entre um e outro. Eu já poderia ter morrido ali. Fui direto para o hospital e fiquei 78 dias internada. Inúmeras cirurgias. Fiz enxerto de pele, tirei pele das minhas próprias pernas”.

Boate Kiss: 10 anos da tragédia