Aline Borges custou a se reconhecer como mulher preta: novela fortaleceu sua autoestima

A atriz Aline Borges, que interpretou a personagem Zuleica no remake da novela “Pantanal”, já revelou que, por conta do racismo estrutural da sociedade, demorou para se reconhecer como mulher preta e que chegou, inclusive, a fugir de sua negritude.

Aline Borges fugia da própria negritude

Com quase 30 anos de carreira, Aline Borges fez grande sucesso no remake de “Pantanal” (Rede Globo) e, com a trama, além de ajudar a discutir o tema do racismo na sociedade, ainda contribuiu com a representatividade na televisão.

Atriz Aline Borges
Globo/João Miguel Júnior

De acordo com a atriz, as discussões antirracistas apresentadas na novela tiveram grande impacto em sua vida pessoal. “Para mim, foi mais profundo ainda, porque eu sou uma mulher preta que demorei muito a reconhecer as minhas origens, a entender minha identidade racial, a me reconhecer como mulher preta, por conta do racismo”, afirmou em entrevista à revista “Contigo!”.

Aline contou que, assim como ela, muitas pessoas de sua família são negras de pele clara e que, por isso, tinha dificuldade em entender suas próprias origens. “No país racista que a gente vive, ninguém quer ser preto, porque ninguém quer ser discriminado. Então, a gente foge da nossa negritude por conta disso, o que está totalmente errado”, pontuou.

Aline Borges
Globo/Victor Pollak

A atriz ainda comentou de forma inspiradora que, ao finalmente se reconhecer como uma mulher preta, toda sua vida mudou para melhor: “Eu fiquei forte, me conectei com a minha luz, com a minha força interior (…) Nenhuma árvore se mantém em pé se você corta as raízes dela. Então, quando o racismo vem e apaga sua ancestralidade, faz você sentir vergonha do seu nariz, do seu cabelo, faz você se distanciar de quem você é… tudo isso para que você tombe”.

Aline disse também que, ao se conectar com suas raízes, tudo melhorou, do trabalho à autoestima. “Esse cabelo que hoje eu acho maravilhoso, eu já odiei. Já quis operar o meu nariz, hoje eu acho ele lindo”, declarou.

Aline Borges
Instagram/ligborges

Apesar de notar avanços na sociedade, a artista lamenta a pouca representatividade no audiovisual e diz que muito ainda precisa ser feito em relação à igualdade. “As pessoas precisam se reconhecer. A luta é para que a gente, lá na frente, tenha igualdade, chegue a um set de gravação e veja 50% de pessoas brancas, pretas, trans. A diversidade precisa se fazer presente em todos os sentidos”, concluiu.

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