Escrita originalmente por Benedito Ruy Barbosa, a novela “Pantanal” foi um de seus grandes sonhos realizados, sendo lançada somente em 1990, depois de quase oito anos engavetada. Para que se tornasse possível, o escritor precisou pedir demissão da TV Globo para dar vida à história na Rede Manchete.
Responsável por Zefa no remake de “Pantanal”, a atriz Paula Barbosa, neta do autor, revelou detalhes íntimos sobre a importância da novela para sua família, em entrevista para o Zappeando.
De acordo com ela, uma das características de Benedito como autor é levar traços de pessoas conhecidas para seus personagens, sendo a família uma fonte inesgotável de inspiração: “Quando a gente vê as coisas que meu avô escreve, a gente vê muito dele, muito de coisas que a gente viveu”. Confira mais da entrevista abaixo!
“Pantanal” mistura ficção com histórias da intimidade de Benedito Ruy Barbosa
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Depois de mais de 20 anos de carreira, Benedito Ruy Barbosa realizou um de seus maiores sonhos e ganhou muito reconhecimento por isso. Ao escrever “Pantanal”, foram precisos ainda alguns anos até que ele conseguisse dar vida ao roteiro.
Na época, trabalhando na TV Globo, o autor não conseguiu espaço para a sua história, sendo preciso uma atitude de muita coragem para insistir naquilo que ele acreditava.
“Foi um grande sonho do meu avô e eu tenho essa história como uma grande lição de vida. Ele tomou coragem, pediu demissão, para realizar o sonho de um projeto dele que estava engavetado há oito anos […] ele precisou acreditar muito nisso”, conta Paula Barbosa, neta do autor, que interpretará Zefa no remake.
Assim como ele, a atriz teve de acreditar muito em sua carreira artística. Depois de estudar dois anos e meio de Direito, passar por Fonoaudiologia e um curso tércnico de Estética, Paula decidiu que deveria enxergar a atuação como uma profissão, e não apenas um hobby – sendo preciso coragem para mudar.
Toda a sua trajetória fez com que ela chegasse até um dos momentos mais especiais de sua vida, se vendo dentro da obra criada por seu avô que permeou sua infância.
Mais do que fazer parte do sonho de Benedito Ruy Barbosa, para a atriz, foi ainda mais especial poder ver um novo olhar das coisas que já tinha vivido, já que o autor da história original havia usado a família como referência.
“Eu não parava de chorar de tanta emoção, porque quando a gente vê as coisas que meu avô escreve, a gente vê muito dele, muito de coisas que a gente viveu […] Ele sempre conta que todos os personagens foram pessoas que ele conheceu, são lugares onde ele passou”, conta, ao relembrar o sentimento de ter visto o primeiro capítulo do remake.
“A gente vê situações que a gente viveu na nossa família e, cara, isso é muito doido, muito especial. Eu posso ter sido uma inspiração para o meu avô. Ele falava que minha mãe era a Juma Marruá, que ela sempre foi briguenta e uma mulher muito forte e ele brincava que se inspirou nela”, ainda revela.
A mãe da atriz é a também autora Edilene Barbosa, filha mais nova do autor, que colaborou em diversas novelas escritas por ele, como “O Rei do Gado” (1996), “Terra Nostra” (1999)” e “Velho Chico” (2016).
Segundo Paula, a ideia de que seu avô observava os momentos que eles viviam juntos, transformando-os depois em histórias, torna tudo ainda mais especial, apesar de saber que ele aumentava detalhes, diminuía ou criava algo em cima dos fatos que aconteceram.
“Quando eu vejo a relação do Zé Leôncio e do Joventino pai, eu lembro dele contando as histórias do pai dele, que morreu muito cedo”, complementa a atriz, contando que Benedito se despediu de seu pai quando tinha apenas 12 anos. “É muito emocionante”.
Um dos maiores autores de novelas brasileiras, Benedito Ruy Barbosa completou 91 anos recentemente e está longe das telinhas desde “Velho Chico” (2016).