5 coisas que decepcionaram no final da série “Hannibal”

Com o último episódio já lançado, a série “Hannibal” chega ao fim na 3ª temporada, já que a emissora NBC decidiu cancelar a produção por conta dos baixos índices de audiência.

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Transmitido na última semana de agosto de 2015, o último episódio passou longe de satisfazer a maioria do público que se dedica a assistir à série. Se por um lado houve surpresa, por outro há uma desaprovação quase generalizada, deixando a maioria com gostinho de ‘quero mais’.

A seguir, veja 5 coisas do último capítulos que nos decepcionaram. Atenção: as páginas seguintes contêm spoilers. #5 Um final não funcional

Na 2ª e na 3ª temporadas, houve uma insinuação quase descarada de que a relação entre Hannibal Lecter (Mads Mikkelsen) e Will Graham (Hugh Dancy) não passava de uma tentativa de romance devido à tensão existente entre eles, partindo da admiração à intriga.

O episódio final mostra Will ajudando Hannibal a escapar, para que se encontre com Francis Dolarhyde (Richard Armitage). A reunião começa na casa de Lecter e vai à beira de um precipício, onde os dois finalmente acabam com Francis. Depois disso, eles se abraçam e também se arremessam.

Bom gosto? Talvez sim, ainda que há muito o que se debater. Inevitável que tenha grande peso dramático, mas não deixa de ser decepcionante constatar que não houve nada que comprovasse o que muitos suspeitavam: um relacionamento homossexual entre Hannibal e Will. O fim parece de novela trágica. #4 Não faz justiça aos personagens principais

Qualquer vínculo com a obra original de Thomas Harris cai abaixo – algo que já se percebe desde o início, já que a personagem do jornalista Freddie Lounds é retratado por uma mulher (Lara Jean Chorostecki). Ainda que a premissa seja de adaptação livre, houve preocupação em manter algo fidedigno na construção do perfil de Hannibal como um ‘monstro’ inteligente e Will como o brilhante analista que se vê diante do sentimento de culpa.

Além de não ser condizente com a obra, o final afasta-se de qualquer premissa esperada para os personagens. Por toda a série, Will luta contra serial killers, até que descobre, internamente, ser suscetível à maldade. Ao perceber isso, Hannibal ‘libera’ esse lado ruim do personagem.

Esperava-se que, num entrave, Will vencesse Lecter – algo que não acontece, pois ele parece aceitar o lado maligno que Hannibal representa. Os personagens eram demasiado complexos para morrerem assim, de forma tão repentina e inexplicável. #3 Cena pós-créditos

A série trouxe diversos personagens inventados, que nunca figuraram na obra de Thomas Harris – como Alana Bloom (Caroline Dhavernas), que se tornou insuportável e com pouco a oferecer à trama. Dra. Bedelia Du Maurier (Gillian Anderson), por outro lado, toma maior protagonismo a partir da 3ª temporada. Possui um caráter tão enigmático a ponto de, mais que gerar intriga ou carisma, trazer complexidade, mas sem acrescentar ao todo para a série.

Nos créditos finais do último capítulo há uma cena em que a doutora Du Maurier está sentada à mesa de frente a uma conhecida perna humana. Logo, a câmera revela que a médica esconde um garfo próximo à parte em que deveria estar sua perna esquerda.

O roteiro especifica que Bedelia estaria esperando Hannibal para matá-lo, uma vez que já havia demonstrado profundo medo por ele. Esta cena, claro, desperta confusão, pois não se sabe se ela está prestes a devorar a perna dele, ou se tirou a própria.  Se a função da série era mostrar que Du Maurier ficou louca atrás dele, não se sai bem-sucedida; afinal, ela não é tão relevante para a trama. #2 Mais dúvidas que soluções

Boa parte dos espectadores já conheciam Hannibal Lecter, seja pelos filmes protagonizados por Anthony Hopkins ou pelos livros de Thomas Harris. Ao matar os personagens Will e Hannibal, os produtores deixam muitos dilemas sem solução, como o caso da família de Will, a situação da agente Jack Crawford (Laurence Fishburne) ante a morte do protagonista, o destino de Alana Bloom e família, assim como o do infeliz Dr. Frederick Chilton (Raúl Esparza).

A grande falha dos roteiristas, neste caso, é querer surpreender mais os já iniciados na obra de Hannibal que os demais espectadores, que podem não conhecer nada sobre a trama proposta.

Por mais que o final tenha grande valor dramático, está mais propenso a desagradar os dois tipos de público que acompanharam a série: os iniciados e os não-iniciados. #1 Apressado por conta do cancelamento

O principal defeito do capítulo final é o suposto apressamento por conta do anúncio prévio de que “Hannibal” seria cancelado. Os roteiros tiveram que ser readaptados e reescritos, para dar nova conclusão à série.

O primeiro episódio da 1ª temporada mostra como o FBI capturou e prendeu Hannibal. A temporada seguinte é uma adaptação livre da obra “Dragão Vermelho”. O desfecho, no entanto, se mostra muito comprimido; teve que mostrar uma conclusão rápida e precipitada.

Além dos personagens mencionados, que não tiveram seus destinos explorados, houve conclusões abruptas por parte de outros antagonistas: Mason Verger (Michael Pitt) e Francis Dolarhyde (Richard Armitage) não foram bem explorados e tiveram, injustamente, panos de fundo psicológicos pouco aproveitados.

Isso aconteceu porque toda a série teve sua dinâmica alterada: a 3ª temporada, inicialmente, iria explorar melhor o livro “Dragão Vermelho”, até dar um fim ao personagem de Will Graham, para, então, ter uma 4ª temporada dedicada a “O Silêncio dos Inocentes”, introduzindo a personagem Clarice Starling. Por fim, numa suposta 5ª temporada revelaria Mason Verger como a verdadeira antagonista da série, responsável por dar interessante reviravolta à trama. Aí, sim, “Hannibal” poderia, enfim, ter êxito.