Síndrome do underground? 7 músicos que preferiram a reclusão à fama

Eles tiveram sucesso. Poderiam ter sido gigantes – mas, em vez de ter o público bajulando, preferiram focar na qualidade de sua música.

Na maioria dos casos essas atitudes foram acertadas, porque permitiram que, artisticamente, eles levassem suas respectivas obras a outro patamar. Em outros, porém, a reclusão pode ter pegado mal, motivando especulações infindáveis da imprensa.

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Veja 7 artistas que preferiram a reclusão à fama:

#1 Annette Peacock

Nos anos 1970, a cantora teve a oportunidade de seguir na esteira de David Bowie, que a admirava por ser uma das pioneiras no uso dos sintetizadores Moog. No entanto, a cantora nova-iorquina desenvolveu uma carreira em busca das livres formas de improvisação, inspirada pelos instrumentistas do free-jazz Ornette Coleman e Albert Ayler, com quem chegou a tocar. Discos como “ I’m The One” (1972) e “ X-Dreams” (1978) são os mais lembrados desta importante difusora do avant-garde.

#2 Belchior

Quando se lembra de Belchior, lembra-se de sumiço. O cearense de Sobral fez bastante sucesso nos anos 1970, principalmente depois de Elis Regina regravar algumas de suas composições, como “ Mucuripe” e “ Como Nossos Pais”. Seu álbum “ Alucinação” (1976) até hoje é visto como uma das grandes joias da MPB, mas, após discos como “ Objeto Direto” (1980) e “ Paraíso” (1982), seu nome foi se apagando aos poucos. Ainda assim, o músico continuou lançando discos, até 2002, com “ Pessoal do Ceará”, com Ednardo e Amelinha.

#3 Celly Campello

A pioneira do rock brasileiro que eternizou os hits “Banho de Lua” e “Broto Legal” decidiu ficar na reclusão depois de se casar com o contador José Eduardo Gomes Chacon, em 1962. A ‘namoradinha do Brasil’ recusou uma proposta de 2 milhões de cruzeiros, em 1965, para fazer parte do programa “Jovem Guarda”, ao lado de Roberto e Erasmo Carlos.

#4 João Gilberto

Geralmente incensado na imprensa por conta de sua briga judicial com gravadoras e por sua reclusão, João Gilberto é o exemplo clássico de artista excêntrico. No final dos anos 1950, seu revolucionário estilo de tocar violão e cantar baixinho determinou o que seria a bossa nova. Na década seguinte, fez parte do ‘time’ que ‘exportou’ o gênero aos Estados Unidos, chegando a gravar com o renomado jazzista Stan Getz e dando cabo a uma bem-sucedida turnê por lá. Nos anos 1970, João Gilberto passou a morar no México, e seus discos foram ficando cada vez mais raros. Sua volta ao Brasil deu-se em 1981, com especiais na Globo, disco com Caetano Veloso e Maria Bethânia e consagração no Grammy – apesar de não ter a consagração de público de outrora. Seu último de inéditas é “João, Voz e Violão” (2000).

#5 Kate Bush

Das turmas de balé aos aficionados por vocais femininos, “ Wuthering Heights” foi um sucesso estrondoso em 1978. Kate Bush foi a primeira mulher a chegar ao topo das paradas em seu país com uma canção original. Depois disso, ela lançou diversos discos estranhos, como “ The Dreaming” (1982) e “ Hounds of Love” (1985) – ainda hoje, o mais vendido dela. Mas, ela não era de concessões – tanto que se afastou dos palcos, em 1979, e só retornou em 2014, em shows disputadíssimos na Inglaterra.

#6 Marc Almond

Em 1981, “ Tainted Love” foi um sucesso estrondoso do grupo Soft Cell. A música foi escrita por Marc Almond, mas ele não quis colher os frutos do sucesso. Alguns anos depois, deu cabo a um projeto excêntrico, o Marc and the Mambas, cujo disco “ Torment and Toreros” (1983) confundiu todo mundo que esperava algo pop (o disco é um exemplo de como a new-wave pode ser sádica). Em 2015, Almond lançou “ The Velvet Trail”, dando uma nova abordagem ao pop, mas sem querer fazer parte de seu circuito mais, digamos, ovacionado.

#7 Scott Walker

https://www.youtube.com/watch?v=2eAxCVTMJ-I

Nos anos 1960, o The Walker Brothers chegou a ser visto como ‘os Beatles americanos’. Scott Walker era um dos principais integrantes da banda, que anunciou hiato em 1968, quando já perdia público por não incorporar a influência do acid-rock. Scott, então, deu início a uma carreira solo, seguindo uma via totalmente desconhecida: seus primeiros discos têm influência do belga Jacques Brel, meio cabaré, meio pop obscuro. Quando voltou com os Walker Brothers, nos anos 1970, a pegada era totalmente diferente. Mais uma vez a banda acabou e, a partir de “ Climate of Hunter” (1984), ele enveredou um passo criativo e nada previsível rumo ao avant-garde. David Bowie sempre o considerou uma de suas maiores influências.