Os 7 melhores filmes de Steven Spielberg

Por causa da sua durável popularidade “mainstream” (sem mencionar a quantidade de diretores de blockbusters cujas carreiras ele inspirou), Steven Spielberg nem sempre recebe sua dívida, tendo sido demitido em alguns setores por ser um mero diretor “comercial”, que não tem a alma de um verdadeiro artista. Mas isso não faz sentido. Apesar de ter tido sua cota de insucessos, ele continua se desafiando, abordando diferentes gêneros e assuntos ao longo do caminho. Veja 7 filmes que provam que Spielberg é um grande diretor:

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“Indiana Jones e Os Caçadores da Arca Perdida” (1981)

Spielberg fez filmes mais “importantes”, e outros que são mais envolventes emocionalmente do que “Caçadores da Arca Perdida”, mas ele nunca fez algo tão abrupto, e inteiramente perfeito. Sonhado no Havaí enquanto estava de férias com seu colega George Lucas, esse filme engraçado, sexy e eletrizante deu ao mundo Indiana Jones – parte Sherlock Holmes (esperto), parte James Bond (suave), parte Pistoleiro sem nome (durão), e, naturalmente, parte Han Solo (amável e desonesto). Apesar de Harrison Ford sempre ser associado ao seu personagem de “Star Wars”, nós entendemos que ele preferiria ser ligado a Indiana: em “Caçadores”, ele é a destilação ideal do herói espertinho. Muitas pessoas culpam Spielberg pelo advento do blockbuster, mas não é culpa dele que nenhum de seus discípulos conseguiram fazer algo tão brilhante quanto o que ele fez aqui.

“E.T. – O Extraterrestre” (1982)

O filme ainda é o maior hit de Spielberg (e o quarto maior hit de todos os tempos), mas não parece um blockbuster: é universal, atemporal. Por todos os momentos em que a obsessão de Spielberg pela infância deu errado, essa foi a vez que ele conseguiu acertar em cheio. O sentimento de que você é o único que entende alguma coisa, e mesmo assim nenhum adulto vai te escutar. A perda palpável e gritante de um amigo. Spielberg diz que esse é o filme com o qual se sente mais próximo, e não é surpresa. E ele é poderoso assim porque não teve uma sequência: nada podia solar a experiência de “E.T.”. Pode não ter virado um clássico recorrente da TV a cabo do jeito que você esperava, mas isso, em última análise, é para o melhor: revisitá-lo vai te lembrar sempre de como você se sentia quando o assistiu pela primeira vez. 

“A Lista de Schindler” (1993)

O melhor “filme sério” de Spielberg, e vencedor do Oscar de Melhor Filme, ironicamente, não é um distanciamento do seu estilo registrado de cenas grandes e caras. Mas em vez de ser emocionante, as sequências mais memoráveis de “A Lista de Schindler” são angustiantes e sóbrias: Amon Göth (Ralph Fiennes) escolhendo prisioneiros judeus com um rifle ou a liquidação sem piedade do gueto judeu, capturado em toda a sua crueldade fria. Se Spielberg permite que um pouco de sentimentalismo rasteje entre as esquinas deste áspero filme preto e branco – especificamente na forma de uma garotinha com um casaco vermelho – é um pequeno preço a se pagar por um drama que não se coíbe de mostrar um capítulo horrível da história humana. Obviamente não existe um final feliz, apesar de vermos o menor vislumbre possível de esperança.

“Tubarão” (1975)

O blockbuster original é bem mais lento do que você lembra, prova disso é que pouquíssimos filmes que se inspiraram nele levaram em consideração sua mensagem central: provoque, provoque, provoque, faça-os esperar… e aí destrua-os. A técnica de Spielberg é quase subconsciente às vezes, aparentemente exibindo um senso telecinético de como a mente humana funciona, e o melhor jeito de assustá-la. E não se esqueça, aliás, do tempo gasto em seus personagens também. “Tubarão” foi criticado por tirar Hollywood da ousada época do final dos anos 60 e começo dos 70 para dentro de uma era mais complexa, mas isso não é culpa do filme: é apenas uma amostra do que foi conquistado pelo filme.

“O Resgate do Soldado Ryan” (1998)

Esse filme da Segunda Guerra Mundial é mais do que sua incrível cena de abertura na praia da Normandia? Nós dizemos que sim: “O Resgate do Soldado Ryan” também contém a performance mais subvalorizada e contida de Tom Hanks, como o pragmático capitão do exército que leva suas tropas em uma missão aparentemente ridícula para resgatar o que restou do clã de Ryan (Matt Damon) depois que seus outros irmãos são mortos na guerra. As sequências sem batalha, que na época pareciam maçantes comparadas a todo o resto do filme, agora parecem meras pausas momentâneas nas quais podemos nos recompor e entender mais sobre esses homens. Spielberg, Deus o ajude, não consegue resistir a doces finais, mas o resto de “O Resgate do Soldado Ryan” é tão tenso que é impossível não ser afetado.

“Guerra dos Mundos” (2005)

Claro, o final do filme é o pior já feito por Spielberg. Mas cada segundo que leva a ele é tão fascinante e desconcertante quanto qualquer diretor seria capaz de fazer. Spielberg habilmente mistura a ansiedade criada pós 11 de setembro a essa história de fim-do-mundo para criar algo que parece legitimamente apocalíptico. Sem dúvidas, é o filme mais subestimado do diretor; “Guerra dos Mundos” é a pura destilação dos talentos cinematográfico e sobrenaturais de Spielberg.

“Contatos Imediatos de Terceiro Grau” (1977)

Um dos dois filmes que Spielberg roteirizou – o outro foi “A.I. – Inteligência Artificial”, mas com muitos roteiristas ao lado – este talvez seja o mais perto que ele chegou de entregar uma expressão pura e sem filtros da sua voz artística. O diálogo pode nem sempre se encaixar nos dias atuais, mas sua combinação do lírico e do extraterreste é magistral. Diga o que quiser sobre “Star Wars”, mas ele parece mais antigo do que é, e ambos foram lançados no mesmo ano.