“Liga da Justiça”: Química entre heróis funciona e filme tem mais acertos que erros

A fase atual da DC no cinema teve altos e baixos tão marcantes– dos controversos “Esquadrão Suicida” e “Batman Vs. Superman” ao sucesso incontestável de “Mulher-Maravilha” – que a estreia de “Liga da Justiça” chega carregada de expectativas.

Com a missão de garantir uma boa sequência à história dos heróis que já conhecíamos, ao mesmo tempo em que novos personagens entram na história, o diretor Zack Snyder entregou um filme de super-herói mais clássico impossível.

Crítica de “Liga da Justiça”

Filme tradicional

Sem se arriscar, nem andar fora da linha , “Liga da Justiça” é um filme de herói atemporal: com uma história simples e objetiva, o grupo está em ação praticamente o tempo todo. Na trama, eles precisam derrotar o Lobo da Estepe e seu exército de parademônios. O vilão quer reunir as três Caixas Maternas,  poderosos objetos mágicos que são guardados pelos humanos, amazonas e atlantes, e transformar o universo em um verdadeiro inferno.

Assim, os protagonistas – que é, claro, vão bater cabeça entre si um pouco no início – precisam aprender a trabalhar juntos, sob a liderança de Batman (Ben Affleck). E funciona. A Liga tem uma boa química e é embalada pelo tradicional “a união faz a força”.

Sem missões paralelas, o filme se concentra em um único antagonista, contra quem cada habilidade dos heróis – físicas ou intelectuais – faz parte do quebra-cabeça para a vitória

Com muita pancadaria e destruição, a sensação é de que a atmosfera das histórias em quadrinhos foi completamente traduzida para a tela. Os personagens se comportam, falam, agem, reagem e posam como os típicos super-heróis.

Até o vilão tem um ar de “Scooby Doo”, com direito à clássica risada maligna e aos intermináveis diálogos explicando suas motivações aos protagonistas.

Mas apesar do clima mais sombrio característico da DC, o filme acerta ao não se esquecer de que, no fim das contas, está falando sobre um mundo mágico de super-heróis e não precisa se levar tão a sério 100% do tempo.

Personagens demais, tempo de menos

A introdução de personagens que são inéditos ou pouco conhecidos no cinema era um dos pontos de maior expectativa. Em “ Batman Vs. Superman”, descobrimos que Flash (Ezra Miller), Aquaman (Jason Momoa) e Cyborg (Ray Fisher) se juntariam a Bruce Wayne e Diana Prince (Gal Gadot) agora. E embora o Flash até seja popular – na televisão, por exemplo, tem sua própria série – a trama dos outros precisava ser apresentada praticamente desde o início.

Assim, o filme é bem rápido ao passar pela história de cada um, nos convencer de que eles têm motivos para se unir ao time e mostra-los em ação juntos. A impressão é de que “Liga da Justiça” serve como uma introdução acima de qualquer outra coisa e faltam elementos para conhecer os personagens de verdade.

A escolha do elenco deve agradar. Enquanto Ezra Miller (“As Vantagens de Ser Invisível”) faz bem um personagem juvenil, engraçado e desajustado, Jason Momoa (“Game of Thrones”) leva Khal Drogo para o fundo do mar e surge como um herói cheio de potencial –  que não foi muito explorado ainda. A Mulher-Maravilha de Gal Gadot continua tendo participação forte e carismática.

Narrativa apressada

Na hora H, “Liga da Justiça” deixa na mão. Como o tempo de tela fica dividido entre vários núcleos e eventos, tudo acontece de forma muito rápida – e haja corte! Quando parece que algo vai realmente se desenrolar em uma cena, a ação acaba e uma nova começa em outro lugar. Assim, nada vai muito além da superfície, como se estivéssemos assistindo a versões resumidas de várias histórias maiores.

Por outro lado, Zack Snyder entrega vários “mini-atos” que entretêm, têm bons momentos de diversão e colocam os super-heróis para fazerem aquilo para o que nasceram mesmo: chutar quem é do mal e salvar o mundo. E para a DC e Warner, o mais importante: queremos ver mais filmes desses heróis.

Dica: o filme tem duas cenas extras no final. Você com certeza vai se surpreender com a segunda, então fique até o fim dos créditos.

Cinema 2017