Se em 2017 “Corra!” foi o grande filme de terror do ano graças a uma premissa original e um desenvolvimento muito além do susto, neste ano “Um Lugar Silencioso” tem tudo para seguir por um caminho parecido. Dirigido por John Krasinsk (“The Office”), que estrela o filme ao lado de Emily Blunt (“A Garota No Trem”), o longa torna o silêncio aterrorizante.
Em um futuro não muito distante, o mundo foi tomado por criaturas violentas, que atacam tudo que emite som – assim, a única saída para sobreviver é ficar em silêncio. A história acompanha o casal de protagonistas e seus dois filhos, que precisam se comunicar sem fazer nenhum barulho.
Crítica de “Um Lugar Silencioso”
Roteiro criativo
Construir uma história consistente sem praticamente nenhum diálogo é, com certeza, um desafio. Todos os outros elementos se fazem muito mais necessários para que a trama tenha um arco convincente. Este é o principal trunfo de “Um Lugar Silencioso”, que substituiu as palavras por imagens que dizem muito.
Assim, o filme se apoia muito na capacidade de expressão dos atores – e eles não decepcionam. A personagem de Emily Blunt está grávida e é nítido, no desenvolvimento dela, a tensão em relação ao que fazer para que o bebê nasça e fique em silêncio depois.
Outro destaque é Millicent Simmonds, de 15 anos, interpretando a filha do casal, que é surda – a atriz, aliás, também é surda na vida real. Em um mundo no qual é preciso estar 100% alerta, o tempo inteiro, para os sons ao redor, a personagem tem um dos desafios mais dolorosos da trama.
Cheio de cenas que nos mostram quais são os perigos à volta (seja um close em um prego saltado no meio de uma escada – nós imediatamente sentimos que alguém vai pisar e vai gritar), o filme deixa o público atento e preocupado com cada canto dos ambientes e o que pode fazer barulho ali.
Cada som – seja um passo mais forte, uma folha virando ou o sussurro dos personagens – é intenso e, à medida que o filme avança, é como se nossa audição ficasse cada vez mais aguçada.
Bons personagens
Por fim, a família protagonista também tem uma história que vai além da premissa do filme e que, mesmo sem dizer quase nada, se aprofunda nos laços familiares. Logo nos primeiros momentos do filme, um acontecimento importante vai marcar a forma como eles se relacionam um com o outro e que trazem para a discussão sentimentos de culpa, responsabilidade, afeto e o laço entre eles.
Clima tenso
O clima, claro, é tenso o tempo inteiro. Apesar de um ou outro momento em que os protagonistas podem conversar ou que o filme tem uma trilha sonora, o clima geral é de silêncio e atenção absoluta – olhos e ouvidos bem abertos. Aqui também há um dos pontos fracos da história: não sabemos quase nada sobre o que aconteceu com o mundo, não temos pistas e nem muitas ferramentas para saber como as pessoas estão se virando. Fica tudo por conta da imaginação mesmo.
Imaginação e imersão
Por outro lado, esse ponto fraco leva a outro muito forte: a capacidade de imersão que “Um Lugar Silencioso” oferece. Quem está assistindo vai, involuntariamente, prender a respiração em determinados momentos ou simplesmente evitar se movimentar, o que torna a história ainda mais envolvente.
Além disso, é fácil nos colocarmos na situação: como faríamos para nos virar no silêncio absoluto? Com certeza você conhece (ou é) alguém que não sobreviveria nem um minuto sem poder falar.
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