Feminismo muda perfil das novas princesas da Disney; entenda

As produções cinematográficas da Disney estão há décadas entre as favoritas de crianças do mundo todo. Toda essa adoração dá a empresa um inacreditável poder de influência sobre o público infantil. Que garota não quer ser igual a sua princesa favorita e ter um final feliz com um príncipe encantado que a salve de todo o mal? As garotas de hoje não querem nada disso.

Graças ao crescimento do movimento feminista na internet e redes sociais, mais e mais mulheres estão se empoderando e lutando para que conceitos machistas sejam derrubados. Com tudo isso, o perfil das meninas está mudando: elas querem ver histórias sobre garotas corajosas que não precisam de príncipes para salvá-las. Parece que a Disney compreendeu esta tendência e, desde os tempos de “Mulan” (1998), vem fazendo produções com traços feministas: “Valente” e “Frozen” são um dos maiores exemplos. Ainda há muita estrada pela frente, mas os avanços são inegáveis. Provamos isto fazendo uma comparação entre as novas produções da Disney com seus antigos clássicos de animação.

Atenção: o texto contém spoilers.
“Cinderela” (1950) X “Cinderela” (2015)

As duas são belas moças loiras, magras e doces. A diferença é que a Cinderela de 1950 era frágil e precisou ser salva por um homem. Na versão live-action, vemos uma Cinderela forte que segue o conselho de sua mãe “seja corajosa e gentil” à risca e não é vítima de sua própri  situação (que é horrível). A nova Cinderela da Disney salva-se sozinha e não espera um príncipe tirá-la do porão. Ele é apenas uma consequência.
“A Bela Adormecida” (1959) X “Malévola” (2014)

Eis aqui duas obras inspiradas no mesmo conto, mas completamente diferentes. Em primeiro lugar, é preciso saber que a animação clássica gira em torno da história da frágil Aurora, a Bela Adormecida, enquanto o live-action conta história da vilã Malévola. Na animação, Malévola é uma das vilãs mais assustadoras e cruéis da Disney e Aurora é salva de sua maldição pelo beijo do amor verdadeiro de um príncipe. Em “Malévola” Angelina Jolie vive uma vilã complexa, que sofreu e foi violentada nas mãos do homem que amava e, para surpresa de todos, o beijo do amor verdadeiro que salva Aurora é o de Malévola e não do príncipe.
“A Branca de Neve e os Sete Anões” (1937) X “Valente” (2012)

“Valente” foi a primeira animação a romper com os padrões Disney. A princesa do filme, Merida, foge completamente do estilo mocinha e tem enormes cabelos cacheados e ruivos. Além disso, ao contrário da “Branca de Neve”, que tem uma madrasta tenebrosa, em “Valente” mãe e filha têm uma relação muito forte. Coisa rara de se ver nas animações da Disney, já que as mães quase sempre morrem ou e são substituídas por madastras cruéis. Branca de Neve é salva do sono eterno pelo beijo de seu príncipe, Merida luta contra homens poderosos e arrogantes para trilhar seu próprio destino.
“A Bela e a Fera” (1991) X “Frozen” (2013)

“Frozen” é um dos maiores fenômenos infantis de todos os tempos. Quem diria que um filme que explora o amor e a força de duas mulheres faria mais sucesso que uma mocinha que transforma uma fera em um belo príncipe? Em “Frozen” nenhuma das protagonistas jamais seria raptada para viver como prisioneira no castelo de uma fera. O amor verdadeiro entre as duas irmãs é o que as salva: a coragem das garotas entra no lugar da fragilidade e é mais importante que qualquer galã.