“Tomb Raider: A Origem” é aquele tipo de filme que traz surpresas e mantém uma excitação suficiente para prender o espectador desde a primeira cena. A paixão e a dedicação com que Alicia Vikander, vencedora do Oscar por “A Garota Dinamarquesa” em 2016, assumiu o legado de Angelina Jolie e se entregou ao papel da versão milenar de Lara Croft ficam evidentes na tela.
Adaptação da franquia de games de mesmo nome, o reboot, dirigido por Roar Uthaug e escrito por Genebra Robertson-Dworet, acerta ao combinar um visual deslumbrante – tanto no design quanto na execução técnica, com cenas realistas de ação. E no geral, o filme possui um número superior de acertos do que de incoerências.
Crítica de “Tomb Raider: A Origem”
Enredo
Na trama, Lara Croft (Alicia Vikander) é a filha de um excêntrico aventureiro que desapareceu quando ela mal tinha chegado à adolescência. Mesmo após sete anos, a jovem se recusa a assumir o império global do pai, Richard Croft (Dominic West), com a mesma convicção que rejeita o fato de que ele realmente se foi.
Determinada a enfrentar os fatos, Lara procura resolver o misterioso quebra-cabeças do desaparecimento do pai e, deixando tudo para trás, embarca em uma aventura rumo ao último destino em que ele foi visto: um lendário túmulo em uma mítica ilha, chamada Yamatai, localizada ao longo da costa do Japão.
Uma vez que esta é uma história de origem, o filme reúne alguns clichês inerentes ao gênero, como a super-heroína em busca por respostas e que tenta desesperadamente salvar o mundo das ações de um vilão – no caso, Mathias Vogel (Walton Goggins), o que torna o enredo conveniente para avançar a trama. Apesar disso, com o decorrer da narrativa, os núcleos se desenvolvem e os próximos acontecimentos surpreendem ao fugir do previsível.
Ao contrário do jogo, o filme traz uma história mais emocional e focada no relacionamento de Lara e seu pai – uma das decisões arriscadas do longa – e, mesmo que o excesso de sentimentalismo não seja tão bem aproveitado, a aposta serve como ponto de partida para a transformação de Lara de uma menina ingênua e hesitante para uma mulher confiante digna do título de “Tomb Raider”.
Efeitos
Fora alguns leves problemas de colisão, “Tomb Raider: A Origem” apresenta uma boa fluidez e impressiona pelos cenários, a representação de elementos naturais e a quantidade de detalhes que compõem cada cena. Os figurinos, a trilha sonora, o jogo de cores e os efeitos tridimensionais também funcionam e tornam o filme ainda mais envolvente.
Em um longa que reúne uma rainha japonesa misteriosa, poderes místicos, uma travessia feita pelo Mar do Diabo, caça às raposas, túmulos, pedras coloridas, mansões, flechas, criptas e até medalhões (ufa!), não poderíamos esperar que o efeito sobre o espectador fosse diferente.
Entre as cenas mais extraordinárias, as sequências realizadas no mar merecem ser ressaltadas, nas quais a jornada traiçoeira de Lara e Lu Ren (Daniel Wu) para a ilha de Yamatai é retratada com recursos realmente assustadores e fenômenos naturais carregados de intensidade. As tumbas, mitos e referências ocidentais, por outro lado, também despertam um encantamento com a história.
Destaque para Alicia
Diferente do que vemos nos primeiros filmes da saga, Lara agora é uma jovem inexperiente, humana e muito mais vulnerável que, ao atravessar uma jornada rumo à sobrevivência no melhor estilo “Lost”, consegue encontrar seu grande propósito e dar um novo rumo para a sua vida.
Dessa vez, apesar de ser uma sobrevivente por natureza, Lara precisa superar suas habilidades e faz isso através de recursos ordinários, combinando aulas de MMA, arco e flecha e até ciclismo, com seu poder de raciocínio que não tem nada de sobre-humano.
Considerando o roteiro simples com o qual Alicia está trabalhando, a seriedade que traz para o seu papel faz com que o público possa se identificar ainda mais com a jovem guerreira. Enquanto viaja para o desconhecido, a personagem precisa resgatar sua força interior para superar os desafios e dilemas que inevitavelmente surgem à frente dela. Como milhares de pessoas que procuram descobrir quem realmente são e qual caminho devem seguir, a protagonista segue armada apenas com sua mente afiada, fé inabalável e espírito obstinado.
Com uma participação forte, Daniel Wu assume o papel de Lu Ren e, contra todas as probabilidades, inspira Alicia a embarcar com Lara em sua evolução. Em cenas de ação realmente impactantes, daquelas que suspendem o fôlego por alguns segundos, a química entre os dois atores fica evidente.
Outros personagens secundários, interpretados por atores de peso como Dominic West, Derek Jacobi, Kristen Scott Thomas e Hannah Jhon-Kamen, que acabam sendo mal aproveitados, constroem e amarram a história da heroína, mas é Alicia Vikander que carrega o filme e, apesar de alguns diálogos desajeitados, o torna digno de ser visto.
Em um tempo em que organizações femininas ganham força e clamam por igualdade de gênero e mais oportunidades dentro da indústria cinematográfica, o fato de Alicia se destacar também merece reconhecimento e, ao aceitar uma missão nada fácil, a atriz provou ser capaz de fazer a diferença na história da franquia.
Definitivamente, o filme cumpre com a promessa de reativar a saga e entrega como recompensa fortes emoções e revelações inesperadas. “Tomb Raider: A Origem”, uma produção da Warner em parceria com a MGM, estreia nos cinemas brasileiros em 15 de março.
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