Por que o vinil é tão caro no Brasil?

Seu artista favorito lança um álbum. Você baixa o mp3 ou transfere os arquivos a partir de algum serviço de streaming que utiliza e ouve sem parar, no celular, em casa, no trabalho, mas quer intensificar a experiência e fazer como os grandes saudosistas: comprar um vinil, em busca da superioridade sonora.

A qualidade musical do LP certamente é bem melhor, mas a questão recorrente é: compensa pagar um preço de três dígitos por ele?

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Isso depende da situação econômica. Se pagar uma média de R$ 150 não pesar no seu bolso, então você pode fazer parte da estatística que diz que pelo menos 9 milhões de pessoas compraram um LP em 2015 ao redor do mundo.

A principal razão para essa taxa elevadíssima no valor do vinil é o imposto. Antes do preço final, um vinil importado, por exemplo, tem correções de 60% do Imposto de Importação, mais ICMS variável por estado (geralmente em 18%).

A taxa alfandegária de US$ 10 pelo câmbio também impede o barateamento do LP, quando ele passa a ser vendido por aqui.

Essa é a justificativa para que, por exemplo, um CD do Kendrick Lamar custe R$ 192 numa livraria, ou o disco “AM”, do Arctic Monkeys, o mais vendido deste século, de acordo com o Official Charts, chegue a exorbitantes R$ 250.

“O vinil já foi considerado um bem cultural como são os livros, sem taxação de impostos”, disse Arnaldo Robles, responsável por um projeto que pedia a isenção dos (altos) tributos sobre os LPs. “Nos anos 90, devido aos softwares de computador que também usavam como mídia os CDs, passaram a ser taxados e os discos de vinil também foram incluídos”. A petição está no Avaaz desde 2012, mas não seguiu adiante pela falta de assinaturas.

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Fábricas brasileiras

Apesar do alto valor dos preços, no Brasil os vinis têm sido cada vez mais procurados. A Polysom, única fábrica de vinis em atividade no país, localizada no Rio de Janeiro, contabilizou mais de 100 mil unidades comercializadas em 2014, número 126% superior ao ano anterior.

Comparado aos LPs gringos, os produtos da PolySom são ‘mais em conta’. A média de preços é de R$79,90, o que, comparado à média de outros países, não fica distante. Mas, por ser uma fábrica nacional, vale lembrar que os LPs também são de artistas nacionais.

Aproveitando o ‘boom’ do vinil, Michel Nath, DJ, vai fundar a segunda fábrica de vinil não país. Em São Paulo, a Vinil Brasil deve operar ainda em 2016 e pode ser uma alternativa ao mercado. Nada garante que os discos gringos tenham um ‘desconto’, mas pelo menos a safra nacional se torna mais diversificada.

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