Tinha tudo para ser só uma festa de gala de Carnaval como em todos os anos, porém, a edição de 2016 do Baile da Voguegerou muita polêmica e acabou em discussão na internet. A África foi o tema do ano e Sabrina Sato, Adriane Galisteu, Eliana, Mariana Weickert, entre outras celebridades, compareceram ao evento vestidas à caráter, com looks inspirados na cultura negra. Esse foi o estopim para uma chuva de críticas na internet.
Leia também:
Racismo existe? Vídeo dá resposta incrível e assustadora para quem tem dúvida
Esponja de aço em forma de boneco negro no BBB 16 gera polêmica
Piovani detona look de blogueira: “peitos quase pra fora”
O que aconteceu?
A festa é tradicionalmente organizada pela Revista Vogue, que elege um tema para o baile a cada ano. Desta vez, a escolha foi “África Pop”, ganhando decoração e vários detalhes inspirados na cultura africana. Entre os convidados, famosos, sendo a grande maioria de brancos, desfilavam looks recheados de elementos negros, como turbantes, estampas e outros acessórios típicos. Tudo isso gerou grande revolta de internautas, críticos de moda e movimentos negros, acusando a festa e os convidados de estarem se apropriando dos costumes africanos, provocando a chamada apropriação cultural.
O que é apropriação cultural
Em um artigo publicado no site de notícias Huffpost Brasil, a ativista feminista negra Sthephanie Ribeiro disse que explicou que apropriação cultural acontece quando uma cultura minoritária ou subordinada social, política ou etnicamente, é apropriada por uma cultura dominante. No entendimento da ativista e de alguns movimentos, a cultura vinda de negros é subordinada à cultura branca/europeia, e por isso, quando uma pessoa branca usa a cultura negra como um simples elemento de moda, está caracterizada a apropriação.”Quando pessoas brancas ‘ditam moda’ e se tornam referência de estilo e beleza ao usar turbantes e dreads, isso configura apropriação cultural”, explicou.
Segundo ela, o turbante é um ornamento de símbolo religioso em várias culturas, inclusive na afro, e enfatizava a ligação dos negros escravizados com seus costumes originais, representando a resistência. “Turbante não é moda ou tendência, muito menos adereço como brincos que usamos em festas. É um elemento político-social”, afirmou.
Ela criticou ainda o fato de resumirem um tema complexo como a África em animais e pessoas selvagens, já que o continente possui 54 países, e em cada um pode haver várias culturas diferentes. “Não existe um traje que represente as várias áfricas e seu sincretismo”, declarou.
Polêmica com famosas: discussão no Instagram
A cantora Luiza Possi chegou a discutir com uma seguidora que comentou em sua foto com a fantasia usada na festa. “Turbante faz parte de uma luta que não é a dela, nem da maioria das pessoas que estavam nessa festa”, disse o comentários. Logo começou uma discussão e a própria Luiza respondeu. “Apropriação ou reverência? Onde se tem amor não tem apropriação de nada, e sim respeito”, disse. A seguidora respondeu novamente explicando o sofrimento histórico do povo negro. Acompanhe os comentários.
É ou não apropriação cultural?
A discussão é enorme e tem vários lados e opiniões. Enquanto os críticos falam sobre a gravidade da apropriação cultural, outras pessoas defendem que as pessoas podem se espelhar em culturas diferentes das suas para criar um estilo, ou mesmo para “homenagear” uma luta na qual elas acreditam e apoiam. E você, o que pensa disso?