Um ano após o lançamento de “Shadows in The Night”, Bob Dylan retorna com mais um disco de versões. “Fallen Angels” será oficialmente lançado no mundo todo dia 20 de maio pela Sony Music, trazendo 12 músicas inéditas.
Se no antecessor Frank Sinatra era o foco, no 37º álbum de sua carreira o bardo de Minnesota faz versões de standards, ou seja, de canções consideradas clássicas que redefiniram o século XX.
“Fallen Angels”
Ainda que as canções tenham um grande peso na música pop norte-americana, clássicos como “Come Rain or Come Shine” e “All The Way” são pouco conhecidas por aqui.
O que isso mostra? Que, mesmo se afastando de uma de suas técnicas mais apreciadas, que é o fato de compor, Bob Dylan já impressiona logo de cara por desafiar a si próprio. Afinal, sua voz, que divide opiniões por ter se consagrado como fanha, embora tenha ‘enrouquecido’ mais com o passar dos anos, ainda está longe de ser o principal atrativo de sua obra.
Neste caso, “Fallen Angels” ajuda a configurar uma fase mais ‘crooner’, mais ‘intérprete’ de Dylan. Por isso, a análise de seu repertório deve ser levada em consideração.

Frank Sinatra – uma obsessão
O próprio Sinatra, homenageado no álbum anterior, foi novamente lembrado por Bob Dylan logo nas duas primeiras canções do disco: “Young at Heart”, de 1953, e “Maybe You’ll Be There”, parte de uma das fases mais ‘derrotistas’ do cantor, da segunda metade da década de 1950.
Pelo menos em duas outras canções há ecos de Frank Sinatra: “All or Nothing at All”, de sua fase ‘moderna’ dos anos 1960, e “Melancholy Mood”, jazz dos anos 1930 escrito por Walter Schumann que ganhou uma memorável versão de Sinatra ao lado da Orquestra de Harry James, em 1939.
Divas
Canções que ficaram eternizadas em vozes de divas do porte de Sarah Vaughan, Aretha Franklin e Billie Holiday, também compõem o repertório do disco.
De fato, a sequência “Polka Dots and Moonbeams”, “All The Way” e “Skylark” é para fãs da música negra, uma vertente pouco perseguida por Dylan em sua carreira. Outra canção do repertório, “That Old Black Magic”, ficou bastante famosa na voz de outra diva importantíssima: Ella Fitzgerald.
Demais canções
As outras canções de “Fallen Angels” são ainda menos conhecidas do público, como é o caso de “On a Little Street in Singapore”, famosa na versão de Glenn Miller, e a baladaça “Come Rain or Come Shine”, que ganhou uma versão fantástica de James Brown nos anos 1960.
Se você acha que Bob Dylan está preso à suas canções mais clássicas, como “Like a Rolling Stone”, “Blowin’ in The Wind” ou “Hurricane”, pense de novo. O bardo já passou dessa fase há décadas. Neste caso, “Fallen Angels” representa um paradoxo: parece que ele volta ao tempo, quando, na verdade, segue adiante.
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