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Desde que começou na televisão, em 1977, na extinta TV Tupi, a apresentadora Ana Maria Braga enfrentou uma série de preconceitos e até mesmo assédios. Em entrevista à revista Quem, ela falou sobre algumas vezes em que foi desrespeitada de diferentes formas. “Sofri assédio moral e sexual em várias situações. Aconteceram algumas de partir para o pessoal mesmo, para o físico, e outras só de sugestão, tipo, no fim da reunião: ‘Vamos jantar?'”, lembra.
Assédio no trabalho
Ana contou que, como naquela época a TV era bem diferente do que é hoje, a maioria das mulheres que trabalhava nesse meio era considerada “presa fácil”. “Era um meio mais liberto do que a sociedade normal, por haver artistas, cantores… Para galgar algumas posições dentro da hierarquia do lugar onde trabalhava recebi muitas propostas do tipo ‘te dou tal coisa se você me der tal coisa'”, diz.
Uma das situações mais marcantes foi quando ela apresentou a ideia de um novo programa que queria fazer. O dono da empresa não olhou o conteúdo e logo fez uma “proposta indecente”, dizendo que o projeto estava aprovado, mas que queria algo em troca. E tentou agarrá-la.
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Relato de Ana Maria Braga
Assustada, ela fugiu correndo, acabou rolando pela escada e quebrou o braço na queda. “Aí você chora bastante sozinha e tem duas opções: ou atende a isso e vira amante do infeliz, o que não vai ter um caminhar muito bom, porque aquilo acaba; ou realmente briga para achar um caminho de verdade. Ele era um cafajeste”, conta.
Ana continuou no emprego, mas o homem nunca mais falou com ela. “É preciso saber para onde quer ir e ter força para dizer ‘não’ ao fácil. A gente vê um monte de meninas jovens que vêm do interior… A vida é muito difícil para as pessoas que não têm família abastada e acabam morando em pensionato para estudar. Às vezes, as facilidades são apresentadas por colegas: ‘Em vez de você ficar aí que nem doida que não consegue comprar sapato ou comer direito, por que não faz faculdade de manhã e sai comigo de noite?’ Isso existe”, relata.
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Educação machista
Na entrevista, ela falou também sobre a necessidade que as mulheres têm de precisarem provar três vezes mais que são capazes de desempenhar determinadas funções e, ainda assim, ganharem um salário 20% menor que o dos homens, o que acontece ainda hoje em algumas áreas.
Para a apresentadora, todas essas situações são resultado de uma educação errada e machista. “Em muitos lugares as mulheres ainda são submissas, nunca trabalharam fora e, por incrível que pareça, são em grande número. Esse sistema paternalista que existia na época do meu pai, por exemplo, ainda não foi rompido”, diz.
Ela fez ainda uma comparação com as reações de muitas pessoas diante da notícia de um estupro coletivo no Rio de Janeiro. “Sempre acham que a culpa é da agredida, um monte de gente pensa assim. Tive uma discussão com um típico macho alfa por causa desse caso do estupro e ele falou: ‘Mas também, né, ela vive lá na favela…’. Eu falei: ‘Aqui, não! Você não vai falar um negócio desses. Ela pode ser mulher da vida, puta, pode ser o que for! Mas nada permite que alguém faça sexo sem o consentimento dela. Isso é estupro!’. Aí a figura engoliu seco, mas não pense que concordou com o que eu disse. Ele continua pensando do jeito dele… É por isso que há esse comportamento desses moleques aí fora, deviam ter pais assim. É difícil quebrar a cadeia do machismo burro e absoluto”, finaliza.
Assédio sexual: mulher, a culpa não é sua.