15 discos de 2005 que você TEM que ouvir e reouvir

Getty Images

Em 2005 a internet estava em tempo de fortalecimento. Discutia-se pirataria e criava-se inúmeros tópicos no Orkut para falar das bandas mais instigantes do momento, ou as músicas mais legais que estavam sendo lançadas.

Leia também: Relembre 10 músicas que bombaram em 2005

Ainda assim, dá a impressão de que a velocidade da informação estava longe de ser tão rápida como nos dias de hoje.

Dez anos se passaram e, se por um lado soa antiquado dizer que algo lançado em 2005 é ‘nostálgico’, ainda é tempo de ouvir e redescobrir alguns discos que podem não ser tão populares, mas merecem a atenção pela qualidade.

Seja bem-vindo de volta à 2005 com 15 discos daquele ano que você definitivamente TEM que ouvir – de novo, ou pela primeira vez. Beck: “Guero”

Gravadora: Geffen

Este disco pouco mencionado colocou Beck novamente testando estéticas, gêneros, piadas e sarcasmos – como fez no subestimado “Midnite Vultures” (1999), antes do melancólico e elogiado “Sea Change” (2002). Vale ouvir os experimentos que o levaram a “Que Onda Guero” e “Black Tambourine”.

https://youtu.be/4ZA6Zfgi508 BiD: “Bambas & Biritas Vol. 1”

Gravadora: Beleza Records

O membro fundador do Funk Como Le Gusta se destacou a partir daí como produtor de renome. No disco solo de estreia, nomes como Black Alien (“Na Noite se Resolve”), Elza Soares (“Mandingueira”), Seu Jorge (“E Depois…”) e até mesmo Chico Science (“Roda Rodete Rodeano”), que morreu em 1997, dão o panorama da música brasileira naquele momento, mais multifacetada do que os programas de TV tentavam vender.

https://www.youtube.com/watch?v=791FjLR4p74 Black Rebel Motorcycle Club: “Howl”

Gravadora: RCA

No terceiro disco, a banda californiana deixou as guitarras e a influência do blues-rock de lado, enveredando para uma linha mais folk, gospel e soul. O resultado? Canções acústicas espirituosas, que vão à fundo na tradição da música americana.

https://youtu.be/S-nSPVZuKwI Cidadão Instigado: “E o Método Tufo de Experiências” (2005)

Gravadora: Tratore

Os cearenses do Cidadão Instigado nunca negaram: gostam mesmo é de música brega, Odair José, Reginaldo Rossi e afins. O que o segundo disco mostrou, porém, é a existência da conexão entre esse ‘renegado’ universo com a música independente nacional. Depois de “E o Método Tufo de Experiências”, muitos e muitos outros músicos ‘descolados’ passaram a mostrar essa ‘veia’ ao público.

https://www.youtube.com/watch?v=Fj30sX2k7GQ Fiona Apple: “Extraordinary Machine”

Gravadora: Epic

Fiona Apple já não era mais dona do mesmo sucesso de “Criminal”, mas construiu uma carreira musicalmente sólida, como mostra este terceiro disco, “Extraordinary Machine”. “Better Version of Me” e “Not About Love”, com as linhas de piano, percussões e pausas matadoras, já valem o disco.

https://www.youtube.com/watch?v=u09s0uz0tEU Gorillaz: “Demon Days”

Gravadora: Capitol/Parlophone

O segundo disco do Gorillaz não tinha hits como “Clint Eastwood” e “19-2000”. O único single de “Demon Days” que chegou a ter alta popularidade foi “Feel Good Inc”. “Sua primeira audição é horrível”, analisou Alexis Petridis, crítico do jornal The Guardian. “Mas o disco é um tesouro enterrado”, concluiu. A estranheza de “Kids With Guns”, o sloppy-funk de “Dirt Harry” e o eletro-funk de “Dare” merecem mais que uma segunda chance.

https://www.youtube.com/watch?v=H8Qp38qT-xI Isolée: “We Are Monster”

Gravadora: Playhouse

Precursor do gênero conhecido como microhouse, o alemão Rajko Müller experimentou com ambient, techno e minimal texturas que se convergem num som dançante. “We Are Monster” tem herança na IDM-ambient de Aphex Twin, dialoga com os primeiros trabalhos de Ricardo Villalobos e antecipa o som arquitetônico do paulista Gui Boratto.

https://youtu.be/mBfhQisZDpg Lil’ Wayne: “Tha Carter II”

Gravadora: Cash Money/Young Money/Universal

Eis o disco que fez de Lil’ Wayne gigante. O hit “Fireman” relembra os melhores momentos dos bailes black da época (!), com produção tempestuosa de Birdman, Ronald ‘Slim’ Williams e muitos outros colaboradores. Quando ele cantou, há 10 anos, “Best Rapper Alive” talvez estivesse certo… Não contava, porém, que um certo rapaz que lançou “Late Registration” naquele mesmo ano alçava a mesma grandiosidade.

https://www.youtube.com/watch?v=vhr_-FM8yRo Nação Zumbi: “Futura”

Gravadora: Trama

Já no 3º disco sem Chico Science, a banda pernambucana conseguiu solidificar sua sonoridade no imaginário popular. O anterior, “Nação Zumbi” (2002), foi um estrondo: hits como “Meu Maracatu Pesa Uma Tonelada” e “Mormaço” cativaram multidões. “Futura” é mais direcionado e musicalmente lapidado: quem se recusa a ouvir “Hoje, Amanhã e Depois” e “A Ilha” perde alguns dos melhores momentos da banda agora liderada por Jorge DuPeixe.

https://www.youtube.com/watch?v=ShYfUn8X_6E Nine Inch Nails: “With Teeth”

Gravadora: Interscope

Já sóbrio, Trent Reznor declarou que “With Teeth”, quinto disco de estúdio do Nine Inch Nails, foi influenciado por sua batalha contra o alcoolismo e dependência de drogas. Começou vendendo bem, atingindo 1º lugar nas paradas na Billboard na primeira semana (talvez pela novidade, já que não havia disco de inéditas do NIN desde 1999, com “The Fragile”). Talvez o público não tenha entendido direito o significado de canções como “The Collector” ou a reflexiva ‘Every Day is Exactly the Same”, já que as vendas despencaram nas semanas seguintes.

https://www.youtube.com/watch?v=dqXmaFPn604 Parteum: “Raciocínio Quebrado”

Gravadora: Trama

Conhecido como irmão do rapper Rappin’ Hood, Parteum é afiado em suas rimas: inteligentes e construtivistas, criticam a polícia e a política com o mesmo afinco que critica a sociedade e até a si próprio. “Raciocínio Quebrado” é um de seus discos mais celebrados – e, claro, pouco escutados.

https://youtu.be/9KubBZqRxk4 Sleater-Kinney: “The Woods”

Gravadora: Sub Pop

“The Woods” foi o último disco da banda de punk-rock das revoltadas Corin Tucker e Carrie Brownstein antes do recesso que durou 10 anos (até o recente “No Cities to Love”, de 2015). Mostrou a banda atingindo seu melhor: entre energia e densidade, essas roqueiras souberam elevar e transgredir de maneira empolgante. Ainda bem que voltaram.

https://www.youtube.com/watch?v=SoPVsczotHs System of a Down: “Hypnotize”

Gravadora: American

“Hypnotize” foi o segundo disco do System of a Down lançado em 2005 – como continuidade de “Mezmerize”, que conquistou pelo hit “B.Y.O.B.”. Este disco, no entanto, mostra a banda de Serj Tankian indo nas profundezas do heavy-metal, com riffs tortos e canções que, se por um lado são ‘desconhecidas’ da grande massa, por outro retratam a maturidade do jeito SOAD de fazer rock. De “Attack” a “Soldier Side”, a banda inventa a partir das próprias invenções.

https://www.youtube.com/watch?v=925P-EPE3qU Vários Artistas: “Run the Road: Volume 1”

Gravadora: 679

Organizado pelo selo 679 e a Vice, a compilação “Run The Road” foi criada com objetivo parecido a “No New York” (1978) de Brian Eno: mostrar ao mundo uma cena potente, para que não ficasse presa a algo regional. O gênero, em questão, é o grime – mistura de rap, ragga e música eletrônica que tomaram Londres de assalto. Dizzee Rascal já era conhecido pelo disco “Boy in Da Corner” (2003), mas havia muito mais a desvendar: Riko and Target (“Chosen One”), Roll Deep (“Let It Out”), Tinchy Stryder (“Move”), The Streets (“Fit But You Know It”) e diversos outros.

https://youtu.be/FeLIw94a9IU Violins: “Grandes Infiéis”

Gravadora: Monstro Discos

O terceiro disco dos goianos do Violins é, certamente, o mais incisivo. É como se as traições e derrocadas amorosas que compõem o tema do disco necessitassem de um mecanismo enérgico, caracterizado pelas guitarras de Léo Alcanfor, que chegam ao extremo em “Matusalém” e ganham bom acompanhamento de piano em “Nada Sério”.