Adanilo demorou 25 anos para entender a própria história: “A gente é muito mais”

Adanilo demorou anos para entender e reconhecer suas origens como descendente indígena

Adanilo, ator e dramaturgo, demorou 25 anos para entender sua verdadeira história. O reconhecimento de suas raízes, em contrapartida, quase limitou sua carreira artística, mas se revelou um processo engrandecedor, marcado por muitos aprendizados.

Adanilo só entendeu sua verdadeira história aos 25 anos

Descendente de povos indígenas das regiões do baixo solimões e do baixo tapajós, Adanilo nasceu e cresceu em meio às ruas movimentadas de Compensa, bairro localizado na periferia de Manaus.

Apesar de saber que era descendente de indígenas, Adanilo demorou para se reconhecer como um. Além disso, o ator não imaginava que seguiria carreira artística, se matriculando em Rádio e TV, aos 18 anos, para trabalhar no audiovisual.

No segundo ano da faculdade, Adanilo entrou para um curso de teatro, com o objetivo de aperfeiçoar sua desenvoltura em frente às camêras. A paixão pelos palcos, por outro lado, foi tão arrebatadora que ele largou a universidade e passou a se dedicar ao teatro e ao cinema.

Adanilo (Crédito: Reprodução/Instagram @_adanilo_)

Em 2014, Adanilo abriu uma produtora, com alguns amigos, participando de curta-metragens regionais. No ano seguinte, o ator decidiu se mudar para o Rio de Janeiro para estudar e focar na carreira, decisão que mudou a vida dele.

Nesse meio tempo, Adanilo demorou para se adaptar, sofrendo com a falta de identificação com a população carioca. Entretanto, foi isso que despertou uma percepção que, até então, com 25 anos, ainda não tinha.

Adanilo possui descendência indígena

Quando caiu a ficha de que era uma pessoa indígena, Adanilo descreve que o momento foi como se tivesse virado, de fato, uma chave, dentro da mente dele.

“Acho que eu passei a ser uma pessoa mais conscientemente espiritualizada, a espiritualidade sempre esteve aí, né, mas hoje em dia eu consigo me perceber rodeado de ancestrais, parentes, parentas, e entidades mesmo, assim, me sinto muito conectado”, entregou ao Ser Humano Podcast.

Desde então, Adanilo se compromete a disseminar a ideia de que os indígenas estão por toda parte e podem ser o que quiser. “Querem que a gente esteja lá dentro da floresta, sem roupa, tocando uma flauta de bambu. E isso existe também, mas a gente é muito mais”, reforçou o ator.

Adanilo em “Eureka” (Crédito: Reprodução/Instagram @_adanilo_)

Adanilo, além disso, acredita que precisam ser quebrados alguns estereótipos também no audiovisual. De acordo com o ator, depois que passou a se reconhecer como indígena, ele sentiu que os papéis ofertados estavam considerando o que as pessoas acham que é ser indígena.

“Desde que me posicionei como um ator indígena, venho sentindo que sempre tentam encaixar a gente em um quadradinho. E acho que isso tem muito a ver com o racismo que os povos indígenas sofrem e com um entendimento muito raso do que nós somos”, lamentou, ao jornal O Globo.

“Somos mais de 300 povos, mais de 200 línguas diferentes. Falta as pessoas entenderem que podemos ocupar qualquer espaço”, acrescentou. Em seu currículo, Adanilo coleciona passagens por vários sucessos, como “Cidade Invisível” (Netflix), “Dom” (Prime Video), “Renascer” e “Volta por Cima”, ambas da Globo.

O ator, além disso, participou de dos filmes, onde estava inserido no contexto dos povos indígenas: “Noites Alienígenas” e “Eureka” – exibido no Festival de Cannes, na França. Hoje, Adanilo sente orgulho de suas origens e de sua história.

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Conheça a história do ator Adanilo, o Sydnei da novela “Volta por Cima” #adanilo #voltaporcima #curiosidadesdosfamosos #indigenas

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